GONÇALO BYRNE ARQUITECTOS
 

Geneva, Switzerland

2015

 
 

Coauthor: Pierre-Alain Dupraz

Urban Rehabilitation of the Rive Sector

The competition comprehended the rehabilitation of a public space of approximately 25.000 m² at the heart of the city of Geneva around the Rive sector, a major urban articulation of the left bank of Geneva where various urban fabrics, multiple services and several kinds of transport meet. The rehabilitation of this area should not only solve the problems caused by mobility and traffic but also to create a large pedestrian area in the city centre. What we found was, therefore, a vacant space, without concrete limits, without any design identifying its uses, without guides for walking, resting or just enjoying public space, that the proposal seeks to define and create, giving birth to a new square and a new pedestrian urban axis. The square defines a centre around which public transport circulation, pedestrian circulation and living spaces are organised. Its design extends and contaminates the adjacent areas, creating a high-quality spatial and urban continuity, which runs through the intervention area while freeing up the entire central space of the new axis in which the underground parking accesses cores are lowered concerning the street level and incorporated into a bank. This continuity and fluidity towards the famous jet d’eau allow maximum appropriation of this new public space on market days.

The new square demarcates a centre on this axis through three founding elements: floor, ceiling, and masts. The proposed design for the floor fits the one already existing in the city with stone and concrete curbs, which, in the intervention area, intensifies to highlight the uniqueness of the square. Gradually, the concrete becomes brighter (with the addition of vitreous aggregates) and the pavement metric becomes denser, where one recognises the roundabout’s diagonals (subtly ensuring the integration of all elements of the sub-soil structures). The square then becomes a shiny surface, able to reflect the sky and the suspended ceiling. The suspended ceiling is the visible expression of the roundabout’s public transport infrastructures and, at the same time, it has an aesthetic function and an architectural form of great lightness, transparency and brilliance. It is a shell woven by the finest strands, which makes the primary function of a rigid overhead structure almost to disappear becoming a subtle, luminous, suspended structure (where the illumination coincides with the intersections of the primary lines) and finally setting up the square. 

The site acquires its identity, between floor and ceiling, while giving rise to a new urban façade made up of elegant and thin masts, far enough away from existing building facades to give order and rhythm to the square's diagonals. The masts evoke the history of the city: at their base, they are solid black concrete as a foundation, then elegant painted steel shafts making up the cornice of nineteenth-century historic buildings and, finally, turning into evanescent ends of polished aluminum, dissolving into infinity.

 
 

Português

O concurso previa a reabilitação de uma área de aproximadamente 25.000 m² no coração da cidade de Genebra, incluindo a Rive Rond-point, a Rue Pierre-Fatio, o início do Boulevard Jaques-Dalcroze, a Rue Aosta e a Rue d'Italie, delimitado, a Sul, por diferentes acessos viários e ruas (que a separam da cidade antiga), e, a Norte, pelo Jardin Anglais e pela baía. Este sector representa um nó urbano extremamente importante na margem esquerda de Genebra, onde vários tecidos urbanos, serviços e meios de transporte se encontram. A reabilitação desta área pressupunha não só a resolução dos problemas causados pela mobilidade e pelo tráfego, como também criar uma grande área pedonal no centro da cidade, com estacionamento subterrâneo.

O lugar, que encontrámos, é um espaço vago, sem limites concretos, sem desenho que identifique os seus usos, sem guias para passear, estar, ou simplesmente, usufruir o espaço público, que a proposta procura definir e criar, fazendo nascer uma nova praça e um novo eixo urbano pedonal. A praça define um centro, que, para além dos limites do que se deseja conter (toda a circulação dos meios de transporte público, circulação pedonal e espaços de estar), se prolonga, contaminando, depois, as várias áreas adjacentes, onde o centro deixa de ser, apenas, um centro para fazer parte de uma cidade. Por sua vez, o eixo urbano pedonal estabelece uma ligação directa ao Jardin Anglais, privilegiando o pedonal sobre o viário, em que se propõe, igualmente, minimizar o impacto do trânsito nas ruas transversais a este novo eixo (Rue du Rhône e Rue François-Versonnex). O Jardin Anglais prolonga-se e a mancha verde das árvores estende-se e contamina parte do eixo pedonal (da Rue Pierre-Fatio), donde se visualizará, num novo enquadramento e maior impacto, o Jet d’eau do lago de Genève. 

Deseja-se, sobretudo, criar uma continuidade espacial e urbana de grande qualidade que perfaça as várias ruas da área de intervenção, libertando, igualmente, todo o espaço central do novo eixo, no qual os núcleos do acesso ao parque de estacionamento serão rebaixados em relação à cota da rua e incorporados num banco-guarda, que identifica e secciona as várias zonas de circulação e estar. O espaço expande-se em direcção ao jet d’eau, permitindo, ao mesmo tempo, uma ocupação optimizada deste eixo em dias de mercado, como un lieu de vie, de déambulation, de promenade, de rencontre, de repos... Neste sentido, também, desloca-se o acesso em escadas rolantes do parque estacionamento subterrâneo para o petit édicule, que passará a funcionar como verdadeira porte d’entrée

A continuidade e fluidez deste novo espaço público permitem, por outro lado, desenhar uma nova praça e demarcar um centro no eixo através de três elementos fundadores: chão (sol), tecto (plafond) e mastros (mâts). 

O chão proposto enquadra-se, numa primeira leitura abrangente, na extensão e qualificação do sistema, já existente na cidade de Genève, de lancis de pedra e betão, que, na área de intervenção, se intensifica para fazer sobressair a singularidade da praça e do eixo (entendendo-se a Cours de Rive como parte integrante deste eixo, também). De forma gradual, o betão torna-se mais brilhante (com a adição de agregados vítreos) e a métrica e impressão do pavimento mais densa, fazendo reconhecer as diagonais da Rond-Point de Rive (e garantindo a integração de todos os elementos das infra-estruturas do sub-solo de forma subtil). A praça transforma-se, então, em superfície brilhante, capaz de reflectir o céu e o tecto suspenso.

O tecto suspenso, por sua vez, é a expressão visível das infra-estruturas dos transportes públicos da Rond-Point de Rive e, ao mesmo tempo, uma matéria plástica à qual se imprime uma forma arquitectónica de grande leveza, transparência e brilho, uma concha tecida pelos mais finos fios, fazendo desvanecer a função primária de uma estrutura rígida de catenárias e cabos aéreos, para se transformar nessa estrutura suspensa, subtil e luminosa (em que a iluminação coincidirá, precisamente, com os cruzamentos da malha aérea primária) e configurar, finalmente, a praça.

O sítio adquire a sua identidade, entre chão e tecto, ao mesmo tempo que faz emergir uma nova fachada urbana composta por mastros elegantes e finos, que se distanciam das fachadas dos edifícios existentes o suficiente para atribuir uma ordem e um ritmo às diagonais da praça e, a esta, uma unidade. Expressivamente, os mastros evocam a própria história do lugar e a construção da cidade: junto ao solo, são sólidos de betão negro como um embasamento, depois, elegantes fustes de aço pintado perfazendo a cornija dos edifícios históricos do século XIX e, por fim, transformam-se em pontas evanescentes de alumínio polido, dissolvendo-se no infinito do céu. Este gesto recupera a ideia de praça que a cidade Iluminista havia edificado (em que os edifícios seccionados desenhavam um octógono perfeito e uno) e que se havia perdido com o peso das infra-estruturas da cidade contemporânea. Sem negar a presença destas, atribuindo-lhes uma qualidade, pretende-se, por fim, reabilitar a praça que um dia existiu.