GONÇALO BYRNE ARQUITECTOS
 

CASCAIS, PORTUGAL

2008-2012

 
 

Coauthors: João Góis & David Sinclair

 

Photos: Fernando Guerra FG+SG Photography (Ruins), João Morgado


Conversion of the Citadel of Cascais into a Charm Hotel

The Citadel of Cascais, a key element in the military strategy of the defense of the Tejo River bay in the vicinity of Lisbon, constitutes a fortified set, whose dimensions, content and interior morphology determine an embryo of an urban network, approaching it to an urban fabric of a city with an introvert development. Its configuration is the result of several construction campaigns over the almost four centuries of existence to fulfill the necessary and required conditions to a defensive structure, culminating in its abandonment and consequent degradation.

With morphological and organizational characteristics common to the fortresses of the time, the Citadel of Cascais presents a central square – the square of arms - delimited by four buildings, almost city blocks, according to a defined hierarchy. The building to the south of the square assumes itself as the hinge of the intervention, allowing, from the axis originating in the Gate of Arms (the main and only access to the interior of the citadel), to center the hotel in the space of the square and the citadel, ensuring a strong visibility consistent with the location of the entrance and reception of the hotel, on the ground floor and, on the first floor, of several rooms facing the square.

Over the building, which was once the South Battery, is added a new body of rooms, extremely horizontal and low, in glass and with subtle metallic roofing, which designs a shadow cornice accentuating the fortress crenels within a gradual transition between the massive volume and the sky. Consequently, the rooms of this new body enjoy the magnificent view over the ocean, while the image of the fortress remains intact.

 
 

Português

A Cidadela de Cascais, elemento fundamental na estratégia militar de defesa da barra do rio Tejo na proximidade de Lisboa, constitui um conjunto fortificado, cujas dimensões, conteúdo e morfologia interior determinam um embrião de malha urbana e a aproximam de um troço de cidade de desenvolvimento introvertido. A sua configuração resulta de várias campanhas de obras, ao longo de quase quatro séculos de existência, para cumprimento das condições necessárias e exigidas a uma estrutura defensiva, culminando no abandono e consequente degradação.

Transformar uma fortaleza numa pousada implica aceitar as condições desta (sobretudo quando se trata de um monumento classificado como este), nomeadamente, a sua segregação visual do oceano que impede que os quartos possam usufrir de uma relação visual com o mar. A operação de conversão centrou-se, por conseguinte, em potenciar as características internas da fortaleza, onde encontramos todos os elementos urbanos estruturantes de uma cidade, pelo que se procurou utilizar a operação de conversão numa outra mais vasta de regeneração urbana, mediante uma atenta intervenção de reciclagem, que altera o primitivo uso militar e adapta o suporte arquitectónico e espacial a um uso civil, turístico-urbano.

Com características morfológicas e organizacionais comuns a todas as fortalezas da época, a Cidadela de Cascais apresenta uma praça central - Praça de Armas - delimitada por quatro edifícios-quarteirão, devidamente, hierarquizados. O edifício a Sul da praça assume-se como charneira da intervenção, permitindo, a partir do eixo com origem na Porta de Armas (o principal e único acesso ao interior da cidadela), centrar a pousada no espaço da praça e da cidadela, assegurando uma forte visibilidade condicente com a localização neste da entrada e da recepção da pousada, no piso térreo, e, no primeiro piso, alguns quartos voltados para a praça.

Sobre o edifício, que foi em tempos a Bateria Sul, acrescenta-se um corpo novo de quartos, extremamente, horizontal e baixo, em vidro, com uma cobertura metálica subtil, que desenha uma espécie de cornija de sombra, acentuando o recorte das ameias da fortaleza numa transição gradual entre o maciço da fortaleza e o céu. Consequentemente, os quartos deste novo corpo usufruem da magnífica vista sobre o oceano, ao mesmo tempo que a imagem da muralha se mantém intacta.