GONÇALO BYRNE ARQUITECTOS
 

Geneva, Switzerland

2017

 
 

coauthor: Pierre-Alain Dupraz

Cité de la Musique

The obsolete concert hall of Geneva was the starting point of an international competition for the Cité de la Musique which will bring in a unique building a new concert hall, and the facilities for the Orchestre de la Suisse Romande and the Haute école de musique. The chosen site is on the border between the compact and the suburban city where some international organisations are located and some forest areas subsist. Seen from above, the Cité de la Musique’s long and compact form is perpendicular to Lake Geneva, while looking to Mont Blanc and the Jura in the distance. This geographical connection is translated into a symbolic form that marks and conditions its location and the interpenetration of two volumes whose ground-level transparency allows simultaneous contagion between the interior vibration of the various music spaces and the park’s exterior landscape.

The main volume, facing Place des Nations, welcomes the public in the space of the foyer which immediately projects one’s gaze towards the park and Promenade de la Paix. From the foyer, an urban and open route is drawn, distributing the public through the various concert halls: Salle Philharmonique, Salle de Récital, Salle Lyrique and, finally, the Blackbox. This unifying space, where the public and musicians meet side by side, extends into a true promenade, serving the exhibition space, the cafeteria and the rest of the building. The floors giving access to Salle Philharmonique’s counters accommodate several foyer sub-spaces with cloakrooms, toilets and VIP spaces in a kind of spatial continuity. This multi-way vertical path (ramps, stairs and elevators) leads to the duplex-organised brasserie and restaurant where, at the highest levels, visitors can enjoy panoramic views of the city and the Alps. Facing the heart of the park, the second volume contains the Haute école de musique. This privileged location offers exceptional working conditions for teachers and students. All music and theory practice rooms are oriented towards the surrounding vegetation, away from the noise of the Route de Ferney. The listening rooms are double height and can accommodate the public, where the adjacent ramps allow a friendly and direct distribution between floors. The different instrument groups are seamlessly distributed on all floors, while those on percussion and electroacoustic music enjoy a privileged relationship with the Blackbox on the lower floors.

The park is not only an open and permeable space with its own identity but also an integrating element of a larger axis. In the entrance square, the relocation of the Kiosque des Nations and the consequent removal of the surrounding trees allow the Cité’s façade to become free establishing a continuity relationship with the Place des Nations. Within the park, there are several clearings for informal use, in the form of natural amphitheatres taking advantage of the slope of the terrain. These open spaces can be used by school students, the public or musicians, promoting the desired interaction for such a building, especially through the improvised musical performances that can take place there.

 
 

Português

A obsoleta sala de concertos da cidade de Genève foi o ponto de partida para o concurso internacional para a Cité de la Musique, que irá reunir num único lugar uma nova sala de concertos, as instalações para a Orchestre de la Suisse Romande e para a Haute école de musique. O lugar escolhido localiza-se no limiar entre a cidade compacta e a cidade suburbana, onde estão instaladas algumas organizações internacionais e onde subsistem algumas zonas arborizadas. 

O projecto nasce da “aparente contradição” entre as especificidades do lugar e a autonomia da forma. Vista do céu, a forma compacta e longa da Cité de la Musique implanta-se, perpendicularmente, ao lago Genebra, enquanto observa à distância o Mont Blanc e o Jura. Esta ligação geográfica traduz-se numa forma simbólica, que assinala e condiciona a sua localização e a interpenetração de dois volumes, cuja transparência, ao nível do solo, permite o contágio simultâneo entre a vibração interior dos vários espaços dedicados à música e a paisagem exterior do parque. 

O volume principal, voltado para a Place des Nations, acolhe o público no espaço do foyer que projecta, imediatamente, o olhar em direcção ao parque e à Promenade de la Paix, e a partir do qual se desenha um percurso de carácter urbano, aberto e luminoso, de acesso à Salle Philharmonique, à Salle de Récital, à Salle Lyrique e, por fim, à Blackbox. Este espaço unificador, onde o público e os músicos se encontram lado a lado, estende-se numa verdadeira promenade, servindo o espaço expositivo, a cafetaria e o restante edifício. 

Os pisos que dão acesso aos balcões da Salle Philharmonique acomodam vários sub-espaços do foyer, onde bengaleiros, sanitários e espaços VIP encontram o seu lugar numa espécie de continuação espacial. Este percurso vertical com múltiplas possibilidades (rampas, escadas e elevadores) conduz à brasserie e ao restaurante organizados em duplex, em que, nos níveis mais elevados, os visitantes podem usufruir de uma vista panorâmica sobre a cidade e os Alpes. 

Em resposta à construção de um edifício de carácter urbano e com forte vocação pública, criou-se um segundo volume que contém o programa da Haute Ecole de Musique. A localização privilegiada no coração do parque oferece condições de trabalho excepcionais para professores e alunos. Todas as salas de prática de música e teoria estão orientadas para a vegetação adjacente, longe do incómodo causado pelo ruído da Route de Ferney. As salas de audição possuem duplo pé-direito, podendo acomodar público, em que as rampas adjacentes permitem uma distribuição amigável e directa entre os pisos. Os diferentes grupos de instrumentos estão distribuídos, sucessivamente, ao longo dos vários andares, enquanto os de percussão e música eletroacústica desfrutam, nos andares inferiores, de uma relação privilegiada com a Blackbox.

O parque assume-se não apenas como um espaço aberto e permeável com identidade própria, mas também como elemento integrador de um eixo maior, com vários espaços desenhados a partir da sua relação com o edifício, com os elementos naturais e com a cidade. Na praça de entrada, a re-localização do Kiosque des Nations e a consequente remoção das árvores circundantes permitem que a fachada da Cité fique liberta e, dessa forma, estabeleça uma relação de continuidade com a Place des Nations. O reforço do bosque, que fecha visualmente a praça da Avenue de la Paix, funciona como uma introdução ao parque, marcando, claramente, a sua direcção e reforçando a ligação com a Promenade de la Paix. Na entrada Norte, um novo bosque delimita o parque e direcciona o percurso em direcção ao interior. Dentro do parque, uma sequência de clareiras é estabelecida como uma estratégia de abertura, determinada por uma vegetação arbórea maior, que define e acompanha o percurso principal, permitindo maior permeabilidade. Os espaços das clareiras surgem, também, como elementos activos na estrutura do parque, formando áreas abertas de usos informais, na forma de anfiteatros naturais que aproveitam a inclinação do terreno. Estes espaços abertos podem ser utilizados, por vezes, por alunos da escola, outras pelo público ou pelos músicos, promovendo a interacção desejada para um edifício desta natureza, especialmente através das apresentações musicais improvisadas que podem ter aí lugar.